Estamos muito honrados por abrir os trabalhos da VIII Semana Acadêmica da Filosofia.
De início gostaríamos de agradecer a todos nossos colegas que contribuíram o máximo possível para a realização deste evento. Somos muito gratos também aos nossos professores pelo interesse com o qual nos receberam [o que nos deu animo e força para continuar essa empreitada]. Por fim gostaríamos de agradecer a que estão presentes. Esperamos que as apresentações e as discussões que nos esperam possam contribuir para o esclarecimento e direcionamento de algumas das grandes dúvidas que a filosofia nos impõe. [falar cronograma].
Vivemos a vida de tal modo que nunca podemos ter muitas certezas acerca do que podemos esperar do futuro. É claro que entre as coisas é possível fazer um gradiente entre o que é absolutamente previsível e aquilo que é completamente inesperado. O curso de filosofia se enquadra na última categoria. Ninguém tem muita certeza do que esperar quando assinala “filosofia” como curso para o vestibular [Alias, todos criamos mil e uma expectativas que o coitado deverá corresponder, esperando que seja um solucionador de perguntas, um meio para a paz de espírito ou para a felicidade]. Quando entramos no curso a realidade parece ser outra, no mais das vezes o curso de filosofia parece ser um gerador de perguntas, destruidor de crenças infundadas, e um fundador de angustias e incertezas. Tudo que sempre pareceu inquestionável, da noite para o dia, torna-se absolutamente incerto.
A despeito de todas as incertezas e inseguranças geradas pelo curso de filosofia duas alternativas se afiguraram como possíveis rotas para nossas vidas, ou desistir do curso ou nos unir contra um adversário comum [seja nossas velhas expectativas, seja contra aquilo de inesperado que havia no curso]. Escolhemos a segunda opção, e com ela um lema que parece ecoar constantemente em nosso inconsciente: “Não se faz filosofia sozinho!”. Para tanto resolvemos assumir o CADAFI sob o rótulo “PORTAS ABERTAS”. Nosso objetivo era simples, tornar o CADAFI um ponto de referência. Um lugar onde pudéssemos compartilhar as angústias e criar soluções para que pudesse se tornar viável aquilo que parece ser o mote central da filosofia, a saber, A BUSCA DA VERDADE. A partir de então concentramos nossos esforços em duas causas inter-relacionadas – a contenção da evasão e a integração entre estudantes e professores.
Nesses dois anos de curso nos deparamos com diversas concepções de filosofia, conhecemos aqueles que entendem a filosofia como um modo de vida, outros entendem a filosofia como um exercício de engenharia conceitual [o processo de definir e esclarecer conceitos]. Mas o que parece mais próximo do que temos vivido até então é a filosofia entendida como um hábito. Um hábito [ora pesadamente angustiante – ora levemente redentor]. Certamente um hábito que aperfeiçoamos com o exercício de filosofar. Pois como bem disse Aristóteles, “as coisas que temos que aprender antes de poder fazê-las, estas aprendemos fazendo”.
Quando entramos neste curso não imaginávamos que hoje estaríamos praticamente intimando os professores. Para chegar ao porque dessa intimação achamos melhor contar a vocês uma historinha. É a história do percurso que todos fizemos até chegarmos ao título dessa semana. Curiosamente, ao fazer um percurso costumamos avaliar as possibilidades que temos na nossa frente e costumamos avaliar quais são os modos de atingir tal objetivo, por tal ou tal caminho. Digo curiosamente, porque mesmo sem ter consciência, estávamos desde sempre às voltas com assuntos relacionados ao método. Surpreendeu-nos ver o título da palestra da professora Lia, porque de certo modo sabemos responder duas das questões propostas por ela, mas o que sempre foi uma das causas gritantes do nosso desconforto pessoal é o COMO FAZER.
Para entender melhor isso vale a pena começar a história, que está lá no ano passado. Quando da constituição do CADAFI, sob o rótulo de Portas Abertas, o mote principal para que o criássemos era a integração dos alunos, de modo que pudéssemos conter a evasão do nosso curso. Tínhamos o objetivo de não agirmos de braços cruzados e de proporcionar um espaço que pudesse servir como ponto de referência para que houvesse a troca desejada. Ingenuamente, ou não, o fundamento disso é a ideia de que a filosofia não se faz sozinho.
Para chegarmos à conclusão dessa importância tivemos uma conversa com a professora Lia que foi extremamente esclarecedora. Chegamos para ela dizendo que os alunos do início do curso estão sempre se perguntando o que é a filosofia e mostrando uma confusão entre o fazer filosófico com a filosofia prática, sugerindo que alguns acham que a filosofia só vale a pena quando inserida no âmbito ético das nossas vidas e que por isso deveríamos estar nas ruas fazendo filosofia. Ora, como conforto escutamos que estávamos numa ligeira confusão e eu até cheguei a receber o conselho de procurar um analista.
Com mais calma, depois disso entendemos que a nós preocupava realmente como fazer filosofia. Pensamos com os dedos? Se assim for, como eles devem agir? No âmbito acadêmico, o que significa o método? E mais, o que significa falar em método filosófico no dia-a-dia fora da academia?
Para iniciar a resposta às nossas questões, passamos a palavra à professora Lia Levy que, sob o título de “Por quê? O quê? Como?” dará início à semana acadêmica.
ps. Estava demais!
Cássio S. e Isis R.